O ser humano como centro dos negócios

Pode ser paradoxal falar em humanização dos processos de trabalho nos tempos de hoje, onde máquinas e mecanismos virtuais ganham mais e mais adeptos e espaço nas corporações e no cenário profissional de uma forma geral. Porém, por mais controverso que possa parecer, nunca esteve tão evidente a necessidade de ressaltarmos o SER HUMANO e o colocarmos no patamar número um de importância nestes novos tempos.

A revolução industrial trouxe a mecanização dos processos de trabalho, viabilizou os meios de produção em larga escala, profissionais dos mais variados setores passaram a acreditar que operar um robô de forma eficiente, seria a garantia de um modo de vida seguro, abundante e feliz. Os equipamentos evoluíram de máquinas lentas e pesadas à aparelhos cada vez menores, mais rápidos e eficientes, e a nanotecnologia levou tudo isso pra patamares dificilmente imaginados há apenas poucas décadas.

A tecnologia trouxe avanços e descobertas maravilhosas, facilitou o acesso à coisas que jamais sonharíamos, novas possibilidades de cura, de transporte, de lazer, de sustento, de educação, e poderia citar outros tantos benefícios que ela nos trouxe. Porém, o grande ponto de reflexão neste artigo, é com relação à única evolução que não poderíamos ter negligenciado neste processo, e parece que negligenciamos, que é a capacidade do ser humano… de SER HUMANO. É público e notório que todo esse avanço serviu para facilitar muito a vida de todos, mas não ajudou muito a nos tornarmos mais próximos uns dos outros, mais compreensivos, mais espontâneos, mais generosos ou mais amorosos.

Me parece que hoje chegamos num ponto em que boa parte da população mundial já se apercebeu do que acabo de apontar, me parece também que a revolução das máquinas começa a perder força para uma revolução silenciosa, que tem acontecido no interior de muitos seres que buscam sinceramente por modos de vida mais sustentáveis e plenos, que priorizam o SER em detrimento ao ter! Não é de hoje que surgem mais e mais grupos de estudo que visam a expansão da consciência, a libertação de amarras de sistemas aprisionantes, movimentos que visam melhorar a vida das mais variadas formas. A espécie humana clama pelo próximo passo em sua evolução, mas agora não se trata mais de tecnologia, e sim de valores subjetivos como liberdade de ser quem é, amizade, lealdade, reconhecimento, justiça, tempo para si e para a família, compartilhamento justo de bens de consumo, etc.

Acredito também que a maioria das pessoas que acessarem este artigo, vão concordar que o meio corporativo, empresarial, os sistemas de trabalho, também começam a se voltar para esta realidade, e passam mais e mais a valorizar tudo que leve mais contentamento, liberdade, leveza e bem estar para o SER HUMANO. Empresas cada vez mais numerosas investem em ambientes bonitos, leves, em padrões menos rígidos de conduta no trabalho, maior flexibilidade de horários e respeito às características individuais de seus colaboradores. Atenção não menos intensa está sendo endereçada aos clientes, parceiros, sócios, e todos que de alguma forma estão coligados com determinada empresa, instituição ou órgão.

Numa análise e reflexão ponderada, e ao conversar com muitas pessoas que são referencias em suas áreas, arrisco dizer que a empresa, instituição ou órgão, que não se adequar a esta nova realidade, que é a premente necessidade de colocar o ser humano e suas demandas no centro de suas atenções, correrá um grande risco de se tornar inadequada neste novo cenário, e num futuro não muito distante, acabar se tornando irrelevante perante os cenários que se descortinam à medida em que avançamos como raça humana.

Sugiro a todos os que exercem qualquer cargo de liderança em qualquer empresa, pública ou privada, que passe a olhar atentamente para todos os critérios e processos de tralhos a que seus colaboradores estão expostos em seu dia a dia profissional, e se detectarem que tais processos não valorizam o SER HUMANO e não o colocam em primeiro plano, que os processos sejam repensados o mais rapidamente possível, antes que seja tarde demais.

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